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A unidade e a essência imutável das coisas: o ressurgimento do Sinjor – Por Vinicius Canova
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Porto Velho, RO – Quando comecei a trabalhar como repórter – e lá se vai uma década – a figura do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Rondônia, o Sinjor, era apenas uma estrada pavimentada para lembranças nostálgicas trazidas à tona por colegas de redação.
Levando isso em conta, infelizmente, é preciso deixar claro desde já que não sou o melhor nome para traçar balizas entre as funções desempenhadas pela entidade no passado e a recente – e inegável – ressurreição da instituição classista como protagonista na defesa dos nossos direitos.
Logo, o limite que estabeleci para opinar livremente neste artigo a fim de não incorrer na mais absurda e desnecessária desonestidade intelectual, evitando violações éticas com respingos fatais também de ordem moral, são comentários acerca da nova direção capitaneada pela professora Sara Xavier dos Santos Duque Estrada de Oliveira (foto).
E o meu receio tem razão de existir. Durante esse hiato de um décimo de século, reiterando que o período é a minha própria fita métrica temporal, o Sinjor, estruturalmente falando – incluindo hostes internas deliberativas – soou como um elefante branco ouriçado: uma carcaça batizada e sem rédeas, longe dos seus objetivos basilares e onde qualquer pessoa em sã consciência jamais ousaria tocar.
Sem conhecer as razões pelas quais as gestões anteriores restaram nitidamente inermes, fazer juízo de valor sobre a inanição pretérita do sindicato representaria uma resenha injusta a qual não pretendo conferir minha assinatura.
Portanto, passemos ao presente.
Com Sara Xavier na Presidência e outros expoentes consagrados nas mais diversas funções tanto em impressos quanto na televisão, passando pela seara radiofônica e às vezes atuando de maneira autônoma pelas redes sociais de forma paralela, a entidade renasceu em seu real significado no dia 11 de agosto do ano passado quando fora empossada a diretoria eleita no final do mês anterior.
Ironicamente, a unidade reestabeleceu-se em meio a críticas efervescentes – vezes justas, ora desleais – à atividade sindical, porquanto seu sentido passou a confundir-se com conotações esdrúxulas das mais variadas, geralmente alimentadas por embates rasos travados por conta de uma polarização política danosa, crônica e irrefreável.
E é admirável perceber que a reunião de profissionais gabaritados como Sara Xavier, Flávio Afonso, Paulo Henrique Silva, Marcelo Freire, Edson Lustosa, João Zoghbi, Zacarias Pena Verde, Nilson Nascimento, José Hilde Vila Forte, Carlos Henrique Ângelo, além de outros tantos notáveis, traz de volta sensação idêntica ao alívio e a segurança que experimentamos quando alguém resolve acompanhar nossas caminhadas lado a lado, especialmente nos trajetos mais escuros.
Consequentemente, é importante frisar que sindicato é apenas um vocábulo cuja acepção própria carrega consigo essência imutável; por outro lado, fica à apreciação popular emprestar qualquer outro significado no campo figurativo, ainda que debochado ou escarnecedor.
Em suma, a despeito das críticas razoáveis e apesar das idiotices agudas proliferadas por aí, o Sinjor revive e, respirando fundo, precisa manter a toada para recuperar a confiança plena da categoria e reafirmar-se como instituição exclusivamente voltada ao resguardo das prerrogativas jornalísticas e à luta pela valorização de todos os trabalhadores incansáveis desse meio. O pontapé inicial já foi dado. Aliás, muito bem dado.